Eu achava que achava
Eu achava que você não surgiria
Mais a caminhar por ai
De forma tão demais
E frontal a mim
Aliás, eu achava que você só fluía
Dentro dos meus sonhos de menina
E eu achava que a menina não existia
Mais e demais em mim
Eu achava que a menina era só mais um sonho
De tantos de grandes de eternos
Sonhos
Que morreram
Que se esqueceram
Que foram embora
Para longe e eu nunca ousei ir tão longe
Ah! Eu achava que você fosse uma mentira
Mais uma mentira
Daquelas que os mais velhos nos contam
Daquelas que os livros sagrados nos contam
Daquelas que a ilusão, a esperança e o desejo nos contam
Ah! Eu achava que nunca fosse lhe achar
Ah! E agora?
E agora o que eu faço?
O que eu faço com você?
O que eu faço de você?
O que eu faço pra você?
E o que eu faço comigo
E com todos os meus achismos?
O que eu faço?
Eu achava que você
Era só uma decepção
Era só uma infância mal curada
Era só uma perda
Mais uma perda
Que fica
Em alguma idade
O que eu faço?
Eu sempre achei
Que desde o princípio
Você fosse uma saudade de mim
E saudade é bom se esquecer em algum lugar
E ao lhe esquecer em algum lugar do meu íntimo
Eu deixei de achar
Que você me viria
Que você me teria
Que você me levaria
Em seu colo
Feito uma menina
Ai, por onde dorme a menina que um dia me habitou?
Ai, por onde corre a menina que um dia me possuiu?
Ai, por onde morre a menina que um dia me fez acreditar
Que a poesia, de fato e de direito, existia?
Ai, em que dia dorme essa menina?
Será que é ontem?
Será que é anteontem?
Será que é trasanteontem?
Que dia será esse dia em que ela partiu de mim?
E agora?
O que eu faço?
Onde está esse dia que eu não acho em mim que tanto achava?
Onde está essa poesia que eu não acho e que tanto me achava?
Onde está essa menina que eu não acho e que tanto a achava?
Ah! E agora?
E agora?
Agora...
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