Daniel Campos

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05/08/2013 - Estranhamente assim

Entranha em mim
Essa sua chama
Que faz arder
Dentro, fora, ao redor
Feito bomba de carmim

Turva meus sentidos
Feito vinho doce
E barato
Que vai embora
Sem saber o que trouxe

Fica em mim
Como mancha
Que não solta
Com sabão em pó, como nó
Que não desmancha

Lança palavras de querer bem
Em minha estrada
Cortando meu rosto
No vai e vem
De sua língua afiada

Faz de mim o seu enxame
O seu casulo, o seu porto
E me chame
Para uma conversa reta
Do seu jeito torto

Talha sua história
No lenho do meu sentimentalismo
Com sua alma em faca
Rasgando a escória
Do meu coração de lata

Encare meus olhos de labirintos
Até que eles se revelem
Ou esfarelem
Diante do perfume do seu olhar
De absinto

Sopre prosas de vagalumes
Aos meus ouvidos
Para que eu escute a luz
E dê por lido
O universo

Tire das minhas saudades
O cheiro de naftalina
E caminhe por meus porões
Com velas e procissões
Num tempo de menina

Tatue as partituras
Da sua existência
Nas minhas costas abertas
Levando à loucura
Os pagadores de penitência

Colha as conchas
Das minhas idas e vindas
Enquanto conversa com o vento
Que ecoa pelo meu eu
Que atende pela alcunha de relento.


Comentários

05/08/2013, por marilene:

Que lindo!!! amor


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