22/03/2016 - Entre asas e presas
E do caos veio a loucura
Agonia, vazio e tédio
Uma fome sem remédio
A incompletude sem cura.
E da dor nasceu o medo
Que fez crescer a presa
Do segredo que há entre
A tristeza e a alegria.
E da beleza fez-se a ilusão
De que o lado de fora
É o lado real, verdadeiro,
Mas até a linda e forte
Serpente chora sua solidão.
E por não viver por inteiro
Ela treme diante da morte
E não sabendo ou podendo
Controlar, sanar tudo isso,
Que mais parece feitiço,
Vai se entregando (matando)
Alimentando sua agonia.
E ao contrário de gritar
De expulsar, de exorcizar
Os seus próprios demônios
A serpente maldita, bonita,
Dita sua própria sentença
Condenando-se ao silêncio.
E então, entre asas e presas
A cobra não passa do chão
E da sua aflita realeza
Ergue-se um reinado
Denso, tenso, propenso
À infinita autodestruição.
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