06/05/2015 - Ensinaria
Toda cobra deixa rastro
A fome precisa de pasto
E a dor segue de arrasto
Ave que não voa morre
Quem tem medo corre
O triste do zóio escorre
A nuvem se desmancha
Saudade não se alcança
O tempo não faz aliança
Com ninguém, nem vem
Não, não bole com o além
Que a tua vida fica aquém
A fundura do buraco engana
A santidade feita é profana
Ai da vida que não tem gana
Tem mais verdade na fera
Que devora do que na berra
Do devorado que sai da terra
Já se vai longe a inocência
Deus anda sem paciência
De toda essa querência
Até a lua volta e meia muda
Coitada da santa já vai surda
Ai minha gente não se iluda
Toda cobra deixa rastro
A fome precisa de pasto
E a dor segue de arrasto
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