Daniel Campos

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31/05/2016 - Diante do amor

Quando surgiu no corredor
Como um pássaro arredio
De asas recolhidas
Mas de espírito inquieto
Escutei a léguas
Seu coração dolorido
Como semente
Que com amor
Vem a furo.

Tal e qual ave delicada
Ferida e assustada
Chegou perto
Sem me tocar
Deitando-me
Retinas desconfiadas
Pernas platinadas
E uma sede
De tanto esperar.

Observei a palpitação
Em seus seios
Os arrepios
Escorrendo
Como seus cabelos
E um curto-circuito
Nos confins cerebrais
Coração e mente
Duelavam
E flertam
Em suspiros
Sem iguais.

Antes que o mar vazasse
Pelas suas pupilas
Vi seus olhos
De coqueirais
Balançando ao vento
Da tempestade
De uma saudade
Sem disfarce.

E quando seus braços
De fina penugem
Puxaram-me para perto
Ouvi eu te amos
Balbuciando
Pela sua boca
Cheirando a batom
E medo.

E não sabendo
Se era delírio
Ou realidade
Suas tatuagens
Como miragens
Surgiram como oásis
No meu deserto
E eu bebi
Sua rosa azul.


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