Daniel Campos

Imprimir Enviar para amigo
Descoberta

Antes que o amanhã cresça
Vou sair em busca de caminhos ainda não traçados
E vasculhar cada centímetro quadrado, redondo, triangular
Até encontrar uma falha geográfica
Que se estenda feito uma rua
Uma rua sem letreiros nem turistas
Uma rua que de tão tímida se esconde de si própria
E se faz estreita e torta
Tamanha a vergonha de se mostrar
Uma rua sem calçadas e sem asfalto
Uma rua feita de restos de pedra
Que o vento leste carregou ao longo da vida
E que nem a maior das chuvas conseguiu destruir
Uma rua com caráter de trilha cinematográfica
Feita de desafios e arrepios
Uma rua que talvez se leve dias para atravessar
Talvez dois ou três anos não sejam o suficiente
E talvez dois ou três segundos seja demais para um erro
E qualquer erro banal a deixa ainda mais longa
Uma rua que não se expõe em nenhum mapa ou catálogo
Uma rua cheia de perigos e rumores
Que teimam em fazer desistir a criatura que a enfrenta
E são tantas provações e provocações até o final
Um final protegido por uma espécie de feitiço
Um feitiço chamado ilusão
Uma rua, à primeira vista, sem nenhum atrativo
Onde a imaginação tem que lhe tomar a qualquer custo
E sem susto lhe carregar nas costas
Uma rua sem letreiro e com tantos nomes:
Saudade, espera, despedida...
Uma rua
A única brecha
Entre prédios, jardins, muralhas, lagos, vales, masmorras
Capaz de cruzar o meu caminho com o seu.


Comentários

Nenhum comentário.


Escreva um comentário

Participe de um diálogo comigo e com outros leitores. Não faça comentários que não tenham relação com este texto ou que contenha conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade. Eu me resguardo no direito de remover comentários que não respeitem isto.
Agradeço sua participação e colaboração.

voltar