Descalça
Os pés descalços
Abandonados
Sobre a flor da terra
Os pés que se queimam
Na terra quente
Os pés que se tingem
No vermelho
Os pés que repousam
Sobre tanta solidão
Os pés com medo
De tantos segredos
Que são arquitetados
Pelo silêncio do vento.
A terra trincada
Na seca tão áspera
Tão cálida
É a mesma terra
Que afoga os pés
Na água que brota
Que cai
Que escorre
Pelos filões de terra.
São sulcos de sangue
Correndo pela terra amarga
Com seus medos
Suas queixas
Seus sofreres
A terra que grita
E ninguém ouve
A terra que geme
De prazer tão só
A terra dos mortos
É a terra que alimenta
A flor e as nossas bocas
Tão fartas de pó.
Terras nuas
Infinitas
Ao longo dos olhos
De alguém
Que ajoelha
E planta
Uma semente
Talvez a beleza
Talvez a ilusão
Talvez a dor
Que aterra a gente.
Comentários
Nenhum comentário.
Escreva um comentário
Participe de um diálogo comigo e com outros leitores. Não faça comentários que não tenham relação com este texto ou que contenha conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade. Eu me resguardo no direito de remover comentários que não respeitem isto.
Agradeço sua participação e colaboração.