17/03/2015 - Crava
Crava sem dó
Suas unhas em meu peito
Arrancando de mim
O que eu sou
Porque sou
O que sinto e fim
Crava suas garras
Tão ferinas quão felinas
Em meus olhos
Cegando nosso futuro
Calando
Quem lhe amou menina
Crava seu desespero
Na minha falsa calma
Sangra minha carne
Minha alma
Só não mexa
Com nossas lembranças
Crava sua infelicidade
Sua insatisfação
No meu amor maluco
Pode ferir
Pode machucar
Eu mereço
Crava suas tristezas
Bem lá no fundo
Fazendo ninho pra solidão
Que se achega
Sem cerimônia
Sem perdão
Crava seus lábios secos
Na boca que sempre foi sua
E coloca em meu íntimo
A fria semente
Do verbo, do verbo
Ausente
Crava suas decepções
Nos ouvidos
Que até ontem
Só ouviam eu te amo
E escuta no meu silêncio
O quanto ainda lhe chamo
Crava suas acusações
Em meu oco
Só tenha cuidado
Para não rasgar
As cartas de dor
Que ainda não pari
Crava suas expectativas
Em quem não as correspondeu
Chama-me de fraco
De covarde
Só não de ateu
Do nosso amor
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