Daniel Campos

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Cores da escravidão

Negros, negros, negros
Somos todos negros
Negros, todos somos
Brancos de tão negros
Negros de tão brancos
Brancos negros brancos
Negros brancos negros.

Nega negro o cotidiano
E com medo corre negro
E com medo morre negro
Nas ruas da senzala ao léu
Num lamento mudo
Aos arranhas céus.

Brancos negros dos guetos
Humilhados por sonetos
Escondem o samba
Negro da macumba da favela
Não pode tocar seu berimbau
Para moça da janela
Janela da lua do redentor
Janela da rua do imperador.

Negros brancos algemados
Nos troncos do poder
Sem a mão da liberdade
Sem o riso de alforria
Na farta desalegria
Da fome dos negros com sede
De esperança anda esperança
Negro velho sonho criança.

Negro branco coração branco negro
Que pulsa no peito de quem
Olha ajoelha e chora
Pelo sofrimento das cores
Que se fundem nos valores
Da raça humana
Nos filhos de uma mesma abolição
Nos filhos de uma negra branca parda
Escravidão.


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