Daniel Campos

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Se pergunta como estou, não estou.
Se estar é um estado, estou numa falta de estado.
Sem você, os dias vão e eu fico.
Os dias vão e eu amanheço, escureço e permaneço no mesmo lugar.
A paisagem passa por minha espera e eu não passo.
Nuvens de chuva, nuvens de poeira, nuvens de gafanhoto passam, passam por mim.
Pedras passam, rolam e algumas até tropeçam em minhas pernas.
Mas eu não vou... não sem você.
O meu passo espera o seu passo.
Árvores passam com cabelos verdes, pernas lisas e eu continuo.
Continuo preso em suas raízes.
Continuo preso em suas cicatrizes.
Continuo preso em suas diretrizes.
Mesmo sem você, continuo.
Continuo sem continuar.
Continuo às coisas nossas.
Coisas tão nossas que nem nos demos conta.
E o seu passo?
Será que já passou por mim?
Será que ainda vai chegar?
Será que voa?
Será que ficou em alguma masmorra?
Será?
Eu continuo como quando você me deixou:
Continuo só,
Continuo crendo no amanhã,
Continuo tendo a nossa filha nos braços...
A nossa filha... ilusão.


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