Conselheiro
Não sei dar conselhos
Não sou um sábio que se esconde atrás de uma barba
Branca
Pregando ilusões
Em parábolas
Não sou as cartas de um baralho cigano
Tampouco tenho em mim alguma verdade
Dogmática,
Sou apenas alguém
Que traduz a vida de outro modo.
Estrada?
Passagem?
Destino?
Tudo isso é démodé
A vida deve ser materializada
Em uma mulher
Completamente instável
Que muda de comportamento
De forma inesperada
Chora, ri, grita, goza
Recebe carinhos
E te finca a mão
Deixando marcas.
Mulher de olhar frágil, sorrateiro
Que pede proteção
E o trai na primeira oportunidade,
Mulher que ora é uma dama
Ora é uma qualquer,
Mulher que lamenta em seus braços
Soluça em teu peito
E morde as tuas costas
Manchando os lábios de sangue.
Mulher que faz uma jantar como ela só
E te dá colheradas na boca
E te manda calar a boca
Deixando-te em jejum
De alimentos
E palavras
Por puro fetiche.
Mulher que nunca sabe o que quer
Para onde vai
Por que o faz
Nunca concorda com si própria
Vive num conflito de quereres
E nem ao menos sabe a razão
De tanto desalinho.
Mulher que se complica
Tentando se entender
Dá-te a mão
E segue sozinha
Com teus sonhos
Com tua realidade insólita
E quando se distancia
Volta para traz
E o chama
Com um jeitinho
Que só cabe a ela.
Ah! Por isso não dou conselhos
Cada um que entenda a mulher que surge para si
O que faço é apenas ver a vida, dama ou profana,
Deitada em minha cama.
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