Daniel Campos

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01/01/2015 - Boca recém-nascida

Ao beijar a boca recém-nascida
Sente-se o hálito de esperança
Vindo do moinho do meio do caminho
No fundo do mundo sem fundo
Que nos traz uma alma criança
Ao corpo cansado de despedida

Um beijo na pele macia do dia
Raiado há pouco no horizonte
Um beijo na inocente fantasia
Que nasce como sol atrás do monte

Beijos e mais beijos nos pássaros
Que cantam despertando o novo
Movendo os trens de aço
Que cortam a cidade das solidões
Levando vagões e mais vagões
Carregados da saudade do povo

Ao beijar a boca recém-nascida
Sente-se o frescor de uma vida
Vinda à luz por obra de um deus pintor
Desconhecendo toda e qualquer dor

Ao beijar a boca recém-nascida
Do ano que chega cheio de promessas
Sente-se o quanto esquecida
Ficou a conta da ilusão que não fecha

Ao beijar a boca recém-nascida
Encontra-se o todo, a parte e a arte
Da solidão que há nisso tudo
E nenhum escudo para a face proibida

Ao beijar a boca recém-nascida
Dá-se início a uma longa partida
Entre o que ficou e o que não ficou
Perdido pelo novo tempo que raiou


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