Daniel Campos

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05/09/2014 - Beija me beija

Para além da minha boca
Beija cada uma das minhas palpitações
Que palpitam aqui, ali, acolá
Numa disritmia de palpites amorosos
Beija meus tempos trevosos
Meus sentimentos garbosos
Minha alma louca e o céu de estrelas
Nuvens, luas e trovões da minha boca
Beija minha pele, meu perfume,
Meu ardume, meu sabiá, minha ciumeira
Beja, beija, beija o que me enseja
A ir ao seu encontro já tonto de mim
E sempre pronto pra ser seu assim
Beija a esperança que me caleja
E me faz acreditar num novo beijo
Beija e me eleja a ocupar seus lábios
Beija-me hábil
Numa ilusão óptica de saudade
Beija o campo e a cidade
Que coexistem em meu particular
Beija-me entranhada em minha língua
Em minha linguagem, em meu linguajar
Beija, beija tanto a ponto de dar íngua
Manchando-me de batom
Colorindo-me tom sobre tom
Em tons quentes de suador
Beija-me mais dia menos dia
Numa cantoria de bem querer
Feito anestesia
À cria da minha dor
De viver apartado de sua mandíbula
Numa solidão fíbula
Sobeja
Que segue, prossegue e ressegue
Implorando, mendigando, roubando
Das minhas próprias lembranças
Os beijos de uma poesia que não se cansa
De sangrar pelos contornos da boca-fantasia.


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