Daniel Campos

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25/10/2013 - Aparição

E, de repente, no raiar da última constelação
Por entre estrelas de néon, crepom e batom
Eu consigo vê-la sem os véus da ilusão
Vejo seus olhos de colibri, seu nariz
Uma boca que mesmo triste sorri
E uma beleza que brilha feito verniz
Vejo seus ouvidos com ecos de francês
E suas maçãs do amor maduras e terçãs
Brilhando por sua face ao cair da manhã
Vejo seus brincos, seus vincos, seus trincos
E seus cabelos raiados de sol
E as notas de sua voz de rouxinol
Impregnadas em sua pele de musseline
Que cobre seu rosto de vitrine
E, de repente, no findar do horóscopo
Eu vejo, revejo, almejo pelo telescópio
Sua face, sua fronte, seu perfil vison
Num olhar tão e quão bom
Tom sobre tom
Suas hastes, seus contrastes
Você, sem quaisquer capuzes
Com todas e todas as luzes
Você, lábios e língua, asas e unhas
Gritos e mumunhas
E, de repente, no milagre dos cantos
Reencontro-me com seu rosto infinito
Intenso, propenso, denso e plástico
Numa beleza de quilo, metro, litro
Que movimenta de modo fantástico
Bombástico, cáustico e hábil
O mundo em torno de seus lábios
De suas expressões, de seu olhar colibri
Que mesmo quando triste, sorri.


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