Daniel Campos

Imprimir Enviar para amigo
18/03/2015 - Amor além da vida

Assim que eu morrer de amor
Beija minha boca morna, fria,
Levando gravado em seus lábios
O meu último eu te amo...
Fecha os meus olhos
Para que minha eterna visão
Seja seu rosto tão familiar
E sempre inédito e encantador...
Vele-me pelo tempo que quiser
Mas numa cerimônia íntima
Só você e meu corpo
Que por tanto tempo foi seu...
Ao contrário de acender velas
E entoar dores em ladainha
Leva-me para debaixo das estrelas
E cante nossas canções...
Quando sentir que é o momento
De se despedir da minha matéria
Não me enterre, queime-me
Como num grande São João...
Como índias que se pintam
Para o amor e para a guerra
Pegue minhas cinzas
Para colorir o seu corpo...
Troque os soluços da separação
Por sussurros e gemidos
Vindos e advindos da delirante fusão
Do meu corpo em seu corpo...
Tinja de amor mais uma vez nossos lençóis
Permita que eu de novo me misture a você
E num súbito num copo de água ou vinho
Leve-me a pulsar em suas artérias fazendo-me vivo...
Que a minha morte seja passageira
Apenas um motivo para nos amarmos em outro nível:
Ao sonhar, seu espírito irá me encontrar para uma dança
Acordada, reencontrará em meus poemas a minha carne...


Comentários

Nenhum comentário.


Escreva um comentário

Participe de um diálogo comigo e com outros leitores. Não faça comentários que não tenham relação com este texto ou que contenha conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade. Eu me resguardo no direito de remover comentários que não respeitem isto.
Agradeço sua participação e colaboração.

voltar