Daniel Campos

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Affair

Quanto de éter
Quanto de urânio
Há no beijo da mulher vulcânica?
Será que veste
Seus lábios de suéter
Ou se reveste
Entre a sede balsâmica
E a fome de titânio?
Quantas camadas
Terá a armadura
Que leva bocas pela estrada
Em flertes de caminhadura?
Será que tem uma plantação
De perfume
De estrelas em seus lábios
Ou será que os astrolábios
Se curvam e ainda turvam
Quando avistam o cume do ciúme
No entorno do ardume
Que há
E se dá no contorno da tentação?
E no tom sobre tom
Do seu batom
Os navios
Ganham os rios
Da tua saliva
E os amantes
Do prazer e do sofrer
Subvertem a ordem
E se mordem
Delirantes
Em sua gengiva.
Quanto de sol e de lua
Há nessa luz que não mingua
Cresce
E adormece
Nua
E lilás
Na falsa paz
Da sua língua
Que me leva ao tempo
Que já não há,
Jaz.
Porque de morte
É o beijo da mulher
Do norte
Das minas
Em teu beijo
O sabor dos sábios
O querer que se quer
Da menina
Mulher
Que sedutora
Abre os lábios
Como quem abre as cortinas
As retinas
Um fechecler
Mulher
Mineradora
Escava
E beija
Cava
E deseja
Enquanto enseja
A lava
De um affair.


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