A última ceia
A relação entre o ser que ama e a criatura amada
Deve ser de antropofagia
Intensa
Ou, na língua, mais popular
De um canibalismo
Explícito.
Quem ama
Há de se alimentar da alma
E da carne da pessoa amada
Como em um ritual religioso
Em seu ponto máximo
De prazer, há de se comer
A parte abstrata do ser amado
Como sonhos, desejos e ilusões
Além do sangue das partes mais secretas.
Que o único talher utilizado
Nessa refeição
Seja a boca
Em beijos e mordeduras
E que a pessoa amada
Infeste seu perfume
Na saliva de quem a devora
E que esse perfume incite ainda mais
O ritmo do banquete.
E, mesmo que a cena insinue violência,
Que predomine o romantismo
Durante todo o ato
Que se devorem
De forma arrebatadora
E que haja nisso tudo
A representação da última ceia
Antes do juízo final.
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