19/05/2014 - A saudade, camarada
A saudade não é domada
Se diz que sua saudade é mansa
Desculpe, camarada,
Mas não se trata de saudade
A saudade é bravia, é selvagem
É fera que avança pela paisagem
A saudade me morde
E ninguém me acode
A saudade me sacode
E ninguém com ela pode
Nem plebeu nem lorde
A saudade me arranha
E de língua me banha
A saudade me apanha
E ainda me entranha
A saudade me treme
A saudade me geme
E me tira o leme
A saudade me excita
E me conquista
A saudade me arde
Por essas e outras, camarada, cuidado
A saudade, ainda mais, a que a gente
Tem da criatura amada deve ser encarada
Por um coração extremamente valente
Nada de dar as costas ou o até lado
Pois esses dentes não passam indiferentes
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