A mulher que eu amo
A mulher que eu amo
Se equilibra
Num arame de pano
Entre o humano
E o mistério.
Em seus olhos,
O redemoinho
De mil planos
E no caminho
De seu sexo,
A água e o óleo
De um monastério
Perplexo
De silêncio e segredo.
O tempo da mulher que eu amo
É o exato momento
Que há entre a tarde e o cedo
De um sentimento
Sacro e profano.
A ela, os anjos em guarda
Pecam o pecado
Em desejos impróprios.
A ela, os demônios da encruzilhada
Se elevam em sonhos alados
Como se a mulher que eu amo
Fosse feita de um oceano
De ópio.
A ela, o mundo escorre pelo ralo.
A ela, o meu eu poeta infarta
E se mata
De amar mais do que pude.
A ela, o reverso do ódio.
A ela, o amor que eu calo.
Nas muralhas do aristocrata
Nas batalhas do vassalo
Nas malhas de um destino amiúde
Atravesso
Açudes
Da morte
Viro ao avesso
Cartas ciganas de sorte
E provoco e invoco
E chamo
A mulher que eu amo
E que de saudade se farta.
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