01/02/2017 - Viva o amor-presente
Não existe amor-passado nem amor-futuro, tanto que amar em tais tempos é pura ilusão. O único amor que nos evolui é o amor-presente, aquele que pode ser vivido agora, transformando, de imediato, nosso interior e o que nos rodeia.
Se você está preso a um amor que ficou no passado é porque você ainda não soltou uma determinada pessoa. Energeticamente falando, isso não faz bem nem para você nem para ela. Então, está mais do que na hora de desapegar. Acreditar em um amor que acabou é investir no autossofrimento, pois isso te impede de seguir em frente, de ter outras experiências, de se permitir ao novo.
Enquanto você e a pessoa amada estão no tempo atual, lute pelo que há entre vocês. No entanto, quando o tempo de cada um for diferente, ou seja, um estiver no passado ou no futuro, reconheça a incompatibilidade da relação e a necessidade de oficializar, para si mesmo, o ponto final, e siga em frente.
Pare de justificar que não pode ser feliz porque ainda ama aquela pessoa, que ela que será seu amor eterno, que nunca amará ninguém como a amou. Repare, todas essas afirmações estão no passado ou no futuro, desconectadas com o presente. Essa pessoa que te marcou, como talvez nenhuma outra, te trouxe coisas boas, ajudou na sua formação, transformou a sua vida, mas ficou. Seus caminhos se separaram e certamente não vão voltar a ser o mesmo.
Portanto, não se prenda a um amor que ficou. Viva tudo o que tiver que viver, mas não prenda ninguém e não se deixe prender por quem quer que seja. A vida é para ser vivida de forma solta. Precisamos aprender a soltar o que já cumpriu sua missão conosco. Isso nos faz um bem enorme. Temos de praticar o exercício da liberdade. Ser livre ao tempo em que deixamos o outro ser livre.
Imagine fazer do relacionamento uma bicicleta de dois lugares. Enquanto o casal estiver pedalando no mesmo ritmo, querendo ir pela mesma direção, admirando a mesma paisagem... maravilha. No entanto, quando um começa a perder o fôlego, o ânimo, a motivação, o interesse... tudo desanda. Um dos dois terá de pedalar pelo outro, colocando mais e mais força, absorvendo contrariedades e insatisfações, e com isso, o desgaste, o estresse e a dor são questão de tempo.
Puxar o outro pode parecer bonito, no sentido de ajuda, de dar tudo pela relação, mas será que esse outro quer ser puxado? Se um dos dois não pedala como antes é porque tem algo errado. Imagine o quanto esse que quer pedalar pelos dois vai atrapalhar o outro e atrasar a própria vida. Temos de entender que quando temos de puxar alguém é porque esse alguém já virou passado, já não é mais a pessoa que faz parte do nosso presente, aquela pela qual nos apaixonamos e tínhamos tantas coisas em comum.
Quando isso acontece, o melhor a fazer é soltar logo as amarras para cada um seguir sua estrada. Mas você não aceita isso e se pergunta, mas essa pessoa me amava tanto, era tão maravilhosa, a gente combinava, mas hoje... hoje tudo mudou. É claro que sim. E isso é absurdamente natural. Afinal, a pessoa que dorme com você ontem não é a mesma que acorda hoje ao seu lado. Todos nós mudamos constantemente. Os beijos mudam, a forma de olhar muda, o jeito de tocar muda, as maneiras de fazer amor mudam, os hábitos mudam, as visões de mundo mudam, enfim, mudamos o tempo todo. Nessa onda de mudanças, você mudar mais depressa ou mais devagar que seu parceiro, ou ainda mudar de modo que levem vocês para direções opostas.
Somos seres-vivos, estamos mudando o tempo todo e a todo o tempo. A evolução é inerente à vida. Até mesmo as pedras mudam com a ação das águas, dos ventos, do tempo. Tudo vai nascendo, vivendo, morrendo e tornando a nascer, de forma diferente, em nós.
Então, muitas vezes, nesse processo de mudança, a pessoa que idealizamos, amamos, confiamos fica para trás, deixando de certa forma de existir, tornando-se passado.
Se um relacionamento se tornou passado é porque ele passou, perdeu a razão, o propósito, o sentido em continuar. O ciclo foi encerrado. Nós, muitas vezes, estamos tão acomodados que continuamos a viver algo que não existe mais. Ao menos, não da maneira que precisamos para nos realizar. Não adianta viver de porta-retratos, de momentos formidáveis que já não se repetem no presente. O que aconteceu de bom ontem, está em você, faz parte do seu ser, já foi integrado ao seu eu, absorvido como lição, portanto, não precisa viver do passado, o passado que realmente importa foi transformado em aprendizado, em motivação, em algo importante para o seu tempo presente.
Preste atenção: se algo virou passado, passado mesmo, agradeça, pois tudo o que você precisava viver ali, com aquela pessoa, naquela relação, foi vivido. Pode não ter sido como você queria, mas tudo acontece como precisamos. Então, não chore, não se lamente, não se amarre a um tempo, a uma situação, a um relacionamento que já não existe. E celebre o presente, pois ele está te oferecendo um universo instantâneo de possibilidades.
Não adianta fugir do presente buscando refúgio no passado ou no futuro. Sim, o futuro também é um problema. Você se apaixona por alguém, mas adia esse amor para amanhã. Uma pessoa dá todos os sinais que te ama, mas você a deixa para depois. Inventa uma série de desculpas para si mesmo no intuito de postergar o que pode fluir hoje. O futuro é um tempo ilusório, que ainda não existe. Deixar o amor para depois é descartar tudo o que pode ser amado agora. E o beijo de agora nunca terá o mesmo gosto, a mesma paixão, a mesma arquitetura no minuto seguinte. Se um beijo nunca mais será o mesmo beijo, o que dizer do amor?
Você pode continuar vivo apenas com o que almoçou na semana passada ou do que vai almoçar amanhã? Aplique essa mesma lógica ao amor... você não pode se sustentar de amores passados ou futuros. Você tem necessidade real do amor presente.
Não jogue fora suas oportunidades, pelo contrário, se jogue nas possibilidades. Entre o ontem e o amanhã, viva o hoje, o agora, o já. E viva com intensidade. Viva como sua última chance de viver. Não adianta trazer o medo do passado ou a incerteza quanto ao futuro para uma relação. Qualquer relacionamento precisa do imediatismo, sem considerar consequências futuras ou traumas antigos. Remoer o que ficou ou adiar o que está aí são agentes de um mecanismo extremamente nocivo chamado autosabotagem temporal.
Enquanto o passado não volta e o futuro não chega, aproveite o presente. Tudo o que tiver que amar, ame agora.
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