18/11/2011 - Viés e revés
Quando eu era nada, mais que nada, você era meu tudo, meu mundo, meu desejo mais profundo de amor. Tempos atrás, tarde lilás, axés e oxalás, eu já a tinha daqui, em sonhos que sonham longe demais. Nossa história apagou quase por completo a minha memória. Uma amnésia que só deixa eu me lembrar de você. Já não sei quantos anos se passaram, quantos caminhos começaram e acabaram diante dos meus pés. Só me recordo das nossas mãos, das nossas bocas, das nossas pernas dadas ao longo dessa andança que marcha rumo a nossa velha infância.
Quando eu era tudo, mais que tudo, você era meu nada, minha estrada, minha namorada mais amada pra valer. Puro encanto, flor de quebranto, saudade em canto. Espanto da beleza, cúmulo da delicadeza, inverno e verão na mesma estação. Eu esqueci o meu nome, mas eu me lembro do nome de cada poema que lhe fiz. Refúgio da poesia, fantasia que um dia eu quis só para mim. Começo sem meio sem fim, estrela reluzente de uma escuridão cetim. Brilha pelo meu avesso transformando meu viés mais lúdico no endereço fixo de um sentimento prolixo e revés.
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