17/11/2008 - Vidaria
Quem falou que viver era fácil, mentiu. Viver é para poucos, a maioria mesmo não passa da linha da sobrevivência. E dá-lhe chicotadas no lombo dessa gente que caminha sem ter aonde chegar. É uma gente que está pra lá do estreito de Gibraltar. Viver é carregar pedras e subir montanhas sem fim. É amar em português e sofrer em mandarim. O encontro do desencontro afim. É comer arroz, feijão e pólvora e servir de estopim para uma civilização que diz não quando diz sim. E onde está o gênio da lâmpada de Aladim? Será só de mentira, de mentira, de mentira a caminhada da nossa estrada. Vida, vida se eu a tivesse lhe daria, vidaria.
São tantas trombadas, vacas atoladas, estradas sem saída. E é uma vida de alto custo, cujo preço do ingresso não cabe neste verso. O feliz mentiu para o infeliz. O amado mentiu para o desalmado. A criança mentiu para a esperança. Ou seria o contrário, o outro lado do aquário? Faz tempo eu era assim menino, moleque a acreditar que chuva de canivete era só uma expressão a mais. Mas a ilusão acabou, o menino cresceu, o sonho tombou e uma semente morreu pra germinar uma terra de ninguém. Vem corre que a serra do lenhador vai cortar a lenha do amor. Ah! Quem dera se ao menos fosse primavera de uma outra era. Ai meu Deus, quem dera. Vida, vida se eu a tivesse lhe daria, vidaria.
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