14/05/2013 - Vida à disposição
Que a morte não demore a chegar. Estou no fundo do poço, no fim da linha, no fio da navalha. Estou pronto para partir. Partir para mundos que permitam voos mais altos ou, simplesmente, que lhe permita um voo raso. Depois de tanta escravidão, exploração, submissão, é preciso que a vida se quebre e liberte a essência de tudo. A morte não é para os fracos, como dizem, mas para os fortes que tiveram suas forças e coragens sugadas pelo dia a dia. A morte não é uma saída ou um atalho, mas o caminho natural para a renovação.
Portanto, que a morte não demore a me visitar. Espero ansiosamente por seus anjos e demônios. Seres que venham a findar toda angústia, todo choro, toda dor que habitam um corpo cheio de limites. Já tenho na ponta da língua todas as palavras que lançarei à morte, olhos nos olhos, sem medo ou pudor. Não quero privilégios ou absurdos, apenas o que cabe a cada um – a morte. O mesmo deus que dá, tira a vida das criaturas que fez para adorá-lo. E a minha vida, com suas maravilhas e mediocridades, já está à disposição do criador.
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