28/01/2011 - Venho vindo
Eu venho de longe, de um lugar onde o tempo esconde seus amores, suas dores. Eu venho vindo tocando a estrada como um vaqueiro toca sua boiada. Cavaleiro alado, peão apaixonado. Trago no peito o gosto de um beijo que o vento não levou. Venho vindo resistindo me iludindo perseguindo o brilho de uma estrela que ainda não apagou.
Eu venho distante, de um lugar errante onde amores e amantes não têm final feliz. Venho de uma terra onde a solidão rendeu, cresceu, criou raiz. Venho vindo sozinho, semeando sonhos tintos como vinho. A seca é brava, a lua é cheia, a cova é rasa e a paixão, serpenteia.
Eu venho sem bagagem, sem identidade, trazendo nos ombros o peso da saudade. Eu venho só pela paisagem, guiado pelo pó e pelas águas de uma miragem. Venho bebendo daquela que mal-me-quis, mal-me-quer e quem sabe bem-me-quererá. Eu venho vindo de um lugar qualquer. Eu vou indo para um olhar de mulher. Sou andarilho do seu reflexo, carreiro conduzido por três juntas de verso.
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