12/12/2013 - Vamos de chuva
Vamos sair descalços pelo jardim, brincando de ser crianças, sem se importar se vamos nos molhar, nos adoentar, nos arrepender. Vamos cometer abusos. Vamos beber deste sentimento de esperança. Vamos nos esbaldar na chuva fria calando a quentura de quem acabou de deixar a cama, as cobertas, as roupas. Vamos fazer como os pássaros que, independentemente da chuva, cantam por amor. Vamos navegar pelas enxurradas que correm sem destino certo. Vamos aproveitar o gosto das frutas molhadas que assanham nossos olhos.
Vamos, vamos dançar, rodar, cirandar na chuva. Vamos nos oferecer, sem medo, ao tempo. Vamos despertar toda e qualquer semente. Vamos deixar brotar em nós tudo o que precisa ser brotado. Vamos lavar todos os medos e tristezas deixando que todo sofrimento (passado, presente ou futuro) escorra sem impedimentos. Vamos nos amar mansamente feito a chuva que se faz sem raios ou trovões. Vamos amar intensamente e interruptamente e repentinamente como a chuva que não tem hora para acontecer.
Vamos, vamos pela chuva, sem sombrinha, pele a pele, com beijos molhados. Vamos deixar as preocupações escorrerem pelos cabelos... Vamos nos encontrar e nos reencontrar como nuvens carregadas de desejos de fazer chuva. Vamos nos embolar pelo céu, fechar o tempo a tudo mais que não seja amor, e fazer com que tudo que se queimou, que secou, que mirrou reviva em nós. Vamos nos perfumar de chuva. Vamos invernar apaixonadamente falando. Vamos nos amar e amar na chuva, de chuva, à chuva, pela chuva...
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