Daniel Campos

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08/05/2008 - V de vitória

"Ayrton Senna vem passando, completa 70 voltas. Aí vem Senna, é a volta de número 71, é o Brasil na frente. Aí vem Ayrton Senna. Aí Ayrton Senna na metade da última volta. Ele já viu a câmera posicionada e fez um sinal de 'v' de vitória. Aí vem Senna, o Brasil na frente. Ayrton Senna está no S, Ayrton Senna vai pro Bico de Pato. Bandeiras verde-amarelas agitadas em todo o circuito. Ele dá um tchauzinho pra câmera. Últimas curvas para Ayrton Senna. Ele vem pela subida. Mihali Hidasi aguarda com a bandeira quadriculada. Aí vem Senna na reta. É o final da prova. Ayrton Senna na ponta dos dedos. Ayrton, Ayrton, Ayrton Senna do Brasil. Ayrton Senna do Brasil. Ele pega a bandeira, repete o ritual. Aí Ayrton Senna, vai a loucura a arquibancada em Interlagos..."

A loucura das arquibancadas invadia a pista de Interlagos como se fosse uma enchente de pessoas. Uma cena que jamais se vira em Interlagos ou em circuito algum do mundo. Milhares de torcedores, de todas as cores, sobrenomes, credos e classes, pararam a Mclaren de Senna durante a volta de honra, tiraram-no do carro e o carregaram nos ombros. Naquele instante o país carregava seu herói. O carro de socorro apareceu para buscar Ayrton e o levar até o acesso ao pódio, mas Senna não se conteve. Sentou-se na janela do carro e deu as mãos, em forma de cumprimento, para os torcedores que se espalhavam por toda a pista.

Definitivamente, Senna unia o país nas comemorações de suas vitórias. Mas por que mergulho neste assunto hoje? Hoje é o dia da vitória. Muitas vezes lembramos das nossas derrotas e deixamos seus fantasmas nos vencerem. É de nosso costume deixar as conquistas esquecidas no mais escuro porão da nossa memória. O início deste texto prova que somos feitos de vitórias. Para fazer justiça a esse dia, voltei ao ano de 1993, no circuito de Interlagos. Com a licença poética da voz do narrador Galvão Bueno, poetizei toda a emoção de uma vitória inesquecível. Uma vitória que não foi só de Ayrton, mas de todos nós.


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