Daniel Campos

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06/05/2008 - Um ato de fé

Carlos Drummond de Andrade já dizia que a confiança é um ato de fé, e esta dispensa raciocínio. O poeta estava certo. Confiar vem do latim con fides, isto é, com fé. A confiança, portanto, é uma questão de fé. Para além do universo da regilião, a fé é um exercício dinâmico de coragem. E coragem, como o próprio nome diz, é ter o coração na ação. Mesmo o coração tendo razões que a própria razão desconhece, com ele à frente superamos até o impossível.

Mas por que toco neste assunto? Simples, muitas vezes queremos mergulhar fundo em um projeto, mas nos falta confiança. Temos medo de nos entregar, de corpo e alma, a uma causa. Resultado: ficamos de pé atrás com a vida. E não há nada pior do que ficar neste estado. Tornamo-nos inseguros e tristes e a vida, por sua vez, emperra. Como é bom ver aquela criança que corre de braços abertos em direção à mãe ou ao pai, com a segurança de se jogar neles com a maior felicidade. Com o passar dos anos, o mundo nos endurece a tal ponto que essa cena deixa de existir.

O problema é que há uma crise mundial de falta de confiança, gerada por um mundo cada vez mais competitivo. Há a ditadura da beleza, do status, do poder, da qualidade de vida. Há padrões e modelos a todo instante para esmorecer a nossa auto-estima. Vale lembrar que a auto-estima é a confiança e o respeito por si mesmo. Quando ela se abala é um deus nos acuda.

Além da coragem, para afastar a baixo-estima é preciso reconhecer suas próprias qualidades e potencialidades. Definitivamente, confiar é um ato de fé.


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