Daniel Campos

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10/01/2010 - Um amor condenado

Ela sabia que se amasse estaria condenada à morte. O amor sempre apareceu como pistoleiro em sua vida. Depressões, dores, tiros, facadas, socos, pontapés, agressões, palavrões, bebedeira, tentativas de suicídio, ameaças... todos os seus relacionamentos lhe traziam um quê de morte. Por mais inocente que fosse a paixão ela se transformava em algo assombroso, digno de filme de terror ou de boletim de ocorrência.

Ela tinha medo. Mas não conseguia deixar de gostar, de amar, de jogar. Gostava de se jogar de cabeça em seus romances. Era ciumenta demais. Era possessiva demais. E traia demais. Seu amor não tinha sentido, não se sustentava, mas ela vivia enchendo a boca para dizer que amava e, pior, amava demais. Enlouquecia seus namorados, noivos, amantes. A doçura dos beijos e o inferno das atitudes.

Já havia apanhado na cara. Perdeu a conta de quantas vezes precisou inventar uma desculpa para ser atendida no pronto socorro. Não queria revelar que sua vida conjugal colocava em jogo sua vida. Mas escrevia tudo em seu diário. Escrevia, lia, relia. Parecia gostar de se martirizar. Nunca passou necessidade, foi educada nos melhores colégios da cidade. No entanto, sempre se classificou como carente e mal-educada no quesito amor.


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