10/06/2010 - Trinta anos
Há quem seja de carne e osso. Eu sou de histórias. Histórias de velho e moço. Histórias que o vento me trouxe, que me contaram e que eu inventei. Histórias do que vivi, vivo e do que hei de viver. Histórias de amor, de medo e de saudade. História da roça e da cidade. Histórias de flor, lua e segredo. Histórias vestidas e nuas, de anjo e inferno. Histórias de inverno e verão. Histórias de assombração. Histórias poéticas e de tamanha fonética. Histórias de chegadas e partidas. Histórias que brotam do chão, que caem do céu, que passam de boca em boca. Histórias de paixão louca.
Tenho hoje exatos trinta anos de histórias. Trinta anos de contos e de pontos e vírgulas. Trinta anos de crônicas e de cenas tônicas. Trinta anos de romances e lances de tirar o fôlego. Trinta anos de poesias de carne e de fantasia. Trinta anos de escritos, ditos ou não, e reescritos. Trinta anos de versos e universos. Trinta anos de muita prosa. Prosa amorosa, indecorosa, dengosa, preguiçosa, dolorosa, nervosa, milagrosa... Poesias e prosas para todos os gostos e rostos. E o meu rosto, completos trinta anos de trajetória, surge recomposto de histórias.
Quando nasci um canário do reino cantou sagrando-me cavaleiro guardião de sua poesia. Quando nasci meus ancestrais me passaram o legado de suas memórias, glórias, histórias. Quando nasci, finzinho de tarde, sol e lua se flertavam a prosear. Quando nasci, nasci tinta num livro em branco. Quando nasci veio um anjo e me disse que eu deveria viver a escrever, a escrever, a escrever do canto ao pranto. Quando nasci, nasci numa novela caipira, com palavras sapateando numa roda de catira. Quando nasci, a inspiração vingou em minh’alma pirata como sucupira na mata.
Fui crescendo e absorvendo essa sina que corre em mim como água de mina. Ao longo desses trinta anos tentei transformar o mundo em versos e linhas. E fui dando linha à poesia como menino dá linha ao maranhão. Trinta anos amando e buscando a mulher amada a cada rima. Trinta anos tentando percorrer e entender e escrever as trilhas dessa obra-prima inacabada chamada coração. Trinta anos de semeadura nos campos da literatura. Trinta anos de licença poética. Trinta anos de dialética caipira. Trinta anos vestindo e despindo palavras de casimira. Trinta anos sem escapatória: nascido e crescido contador de histórias.
Trinta anos, trinta livros. A matemática dessa história não é exatamente um livro por ano. Mas é como se fosse. Afinal, as palavras são minhas células. E sentimentos são como batimentos cardíacos. São eles que, desde muito jovem, me movem e comovem meu texto. Amar é o pretexto da escrita ou vice-versa. Desde “Sementeira” até “Auxiliadora”, trinta livros. Poemas, contos, crônicas, romances fictícios ou reais compõem meus trinta anos viscerais e meus trinta livros autorais. E como a vida não para, o livro número 31, “O Castigador”, segue em construção assim como a jaculatória deste contador de histórias.
Observação do autor: Quero aproveitar para agradecer aos dois grandes incentivadores dessa contação de histórias, meus avôs Antônio Bueno de Campos e Liberato de Lima Barbosa. Vocês se foram num pé de vento, mas suas histórias ainda ardem em mim como brasas em um fogão à lenha. Aos senhores, a minha escrita e o meu respeito. Afinal, muito desses trinta anos são parte de seus causos e aplausos. Muito obrigado!
Comentários
FELIZ trinta meu amorrrrrrrrrrrr! TE AMOOOO! um beijoooo...
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