20/02/2016 - Transformando-se
Ela chegou pisando quase que flutuando na pontinha do pé sem fazer rapapé. Ela não queria acordar quem dormia revelando por onde ia. E ela foi por tantos lugares naquela noite que se encheu de bares, poetas e sombras indiscretas. Ela se despiu e se vestiu e tornou a ficar nua como a lua que já nem dá mais de corar. Depois de carregar tantos problemas ela resolveu seu teorema e desanuviou. Ela dançou, sambou, beijou. Ela se soltou, se libertou, se transformou na vista de todos e de ninguém. Pois ninguém conhecia. Ninguém a sabia. E assim ela foi além do aquém, atravessou a margem, encerrou a estiagem. Ela, em uma só madrugada, mudou sua estrada, foi recriada e reprogramada para amar. E logo vieram corações em resmas. Mas ela foi reprogramada para amar e amar. E logo vieram bocas prometidas de todo lugar, inclusive, do além-mar. Porém, ela foi reprogramada para amar e amar a si mesma. E assim, mais segura, batizada em sua loucura, sendo o que é, chegou pisando quase que flutuando na pontinha do pé.
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