Daniel Campos

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07/05/2012 - Todos à luta

Cavalariços não são cavaleiros. Aldeões não são soldados. Cavalheiros não são cavaleiros. Artesões não são soldados. Mas todos precisam lutar. Eles tremem. Eles não sabem a língua das espadas. Eles não suportam o peso de um escudo. Suas almas são armaduras vulneráveis. Cavalo e cavaleiro precisam ser um só olhar, um só ritmo, um só coração. Onde estão os guerreiros, os generais, os heróis? Será que são todos prisioneiros de um mal maior? O tempo. Os bravos estão extintos. A vitória é passageira, mas necessária.

A esperança está com o peito cravado de flechas. Mandem chamar o rei. Fechem os portões. Apagaram as tochas. Reina a escuridão. Magias são conjuradas. As alianças foram quebradas. Monstros marcham. Miséria, fome, aflição. Todos lutando para durar mais uma noite. Corpos sujos de fuligem. Lama e pólvora. Estupros e mutilações. Atos ferozes, trombetas, ruínas. Qualquer falha é redimensionada na batalha. Lealdade e traição lado a lado. Proteger ou atacar, eis a questão?

Os arqueiros disparam as flechas da solidão. Castelos de lona são cercados, saqueados e incendiados. Saraivada de desespero. Sangue e trevas. Vítimas sem rosto. Luta-se contra a lâmina, contra a carne e contra feitiços. A lua manchada de luto. Crianças pegam em armas. Mulheres rastejam nas trincheiras. Velhos se escondem como podem. A guerra afeta a todos. A última fortaleza foi tomada. Não há como bater em retirada. É preciso se agarrar a um amor, a um legado, a algo que valha a pena não blasfemar os deuses e envergonhar o povo.

Cavalariços precisam morrer como cavaleiros. Aldeões precisam morrer como soldados. Cavalheiros precisam morrer como cavaleiros. Artesões precisam morrer como soldados. Morte e glória, morte e glória.


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