Daniel Campos

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22/03/2014 - Tenho tanto pra falar...

Por que você foi embora tão cedo? Por que me abandonou assim? Por que me deixou sozinho quando a gente tinha um pacto de ser pra sempre? Ah! Que falta, que falta, meu avô, que falta você me faz. Você que nunca acreditou no jamais. Agora, estou sem você para ouvir meus desabafos na mistura ideal entre sabedoria e sensibilidade. Vez ou outra, minhas mãos me enganam e acabam ligando para o seu telefone. Silêncio. Eu tenho tanto para falar. Quero ouvir a força da sua voz que sempre apoiou em meus caminhos. Você me ensinou tantas lições, mas por que tinha que me deixar aprender sozinho tantas outras? Como é que a gente lida com a saudade, hein seu Liberato? Como é que a gente lida com essa saudade que dói, que vai moendo a gente por dentro? Como é que a gente lida com a saudade de um amor tão grande que nem o vento dá conta de secar o que escorre dos olhos ou esfriar a febre do coração? Despedida, distância, adeus, falta, querer e não poder, é tanta coisa pra ser enfrentada. Bons tempos onde tudo parecia tão fácil. A gente ignorava as pedras do caminho e seguia em frente com uma facilidade que hoje é difícil de acreditar nas proezas que fazíamos. Tenho tanto para dizer sobre felicidade, beleza, encontro. Desejo tanto olhar no fundo dos seus olhos verdes e ficar verdejante de esperança, pois nunca conheci fonte tão pura e abundante de esperança do que seus olhos. Preciso tanto de um abraço apertado, daqueles que a gente chorava sem dizer nada, como homens-meninos que choram. Ao seu lado, tinha certeza de que jamais estava desamparado ou desprotegido. A gente se matava um pelo outro. Éramos dois malucos quebrando todos e quaisquer limites. Dois pássaros feitos de terra nascidos das matas. Meu avô, eu tenho tanto para lhe contar. Tanto sobre o coração. Eu sei e sinto que você sempre está comigo, e é por mim, mas tem horas que o mundo físico faz falta. E olha só, quando vivo, a gente criava um mundo imaginário, um mundo nosso e ali, entre histórias encantadas e seres fantásticos, vivíamos intensamente. E agora, que não tem mais como, quero nós dois no mundo real. Era tanta confiança. Era tanta verdade. Era tanta emoção. Aliás, é. Porque continuamos... Eu preciso tanto de você. Lembro que sempre me falou para colocar o coração em primeiro lugar. Suas palavras seguem comigo como mãos estendidas. Tenho tanto para compartilhar com você, com você, meu avô, que nunca se rendeu ao impossível sempre me entendeu tão bem, afinal somos feitos da mesma essência – a paixão.


Comentários

23/03/2014, por Maria de Lurdes:

Bom dia. Não nos conhecemos mas senti toda a dor que você colocou nesse texto. Sou leitora assídua e encontro em seus textos uma emoção sem igual. Peço que continue escrevendo pois precisamos de textos emocionantes assim cheios amor e paixão. Faz muito bem pra nós lermos essas coisas vivas. O seu texto tem vida e como tem


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