Daniel Campos

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11/05/2010 - Tempos assim

O céu voltou a escurecer para deleite dos meus olhos chuvosos. Se dependesse de mim, choveria aquele friozinho diariamente. O horizonte carregado e o vento alardeando pelos campos: vai chover, vai chover, vai chover. Nessas horas tenho curiosidade para saber o que faz o sol. Será que se esconde debaixo das cobertas? Só sei que essa é a vontade de boa parte da população. Quantos não pensam em cabular aulas, em enforcar o dia de trabalho, em inventar uma desculpa daquelas dignas de confessionário para não sair da cama.

Se essa tentativa de golpe não der resultado, pode confiar que há sempre um café preto para quebrar a friagem e uma roupa mais quentinha no fundo do guarda-roupa. As mulheres, como se o frio fosse obra dos cupidos, ganham romantismo em dias chuvosos. Elas reclamam, mas gostam de se produzir para acalorar um dia que muitos equivocadamente chamam de “feio”. Não há nada mais belo do que um dia que nasce em tons acinzentados, com promessas de chuva e de brisa.

Os escritores, de poesia ou folhetim, escrevem muito mais em tempos assim. Os eternos namorados e até mesmo os namoros de festim se amam muito mais em tempos assim. A rosa, a hortênsia e até o jasmim cheiram muito mais em tempos assim. Os restaurantes, os bares, as cozinhas, enfim, as casas gastronômicas enchem muito mais em tempos assim. Os lençóis de cetim ganham outras cobertas e seduzem muito mais em tempos assim. E em mim tudo é mais, muito mais em tempos assim.


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