30/08/2011 - Sozinho
O mar dos seus olhos arrebentou e me inundou inteirinho. O céu da sua boca serenou e me molhou de beijos miudinhos. A sua alma morena fermentou e virou vinho. A sua pele descosturou e um deus alfaiate lhe remendou com um pedaço do meu linho. O seu passo cruzou o meu e me levou para o seu caminho. O seu verso voou e pousou no mato, no mais alto ninho. A sua flor desabrochou e me falou que não tem espinho.
A sua bola de cristal quebrou e me indicou para ser seu adivinho. A sua canção desafinou e entornou meu cavaquinho. O sino do seu peito badalou e me chamou bem de mansinho. O seu passado levantou e rodou nos braços do moinho. O moreno lhe tomou de abraços e sacolejou seu corpo no pelourinho. O seu pé de vento virou e formou um redemoinho. A saudade rodopiou e o tempo se instalou como meu vizinho.
Comentários
Nenhum comentário.
Escreva um comentário
Participe de um diálogo comigo e com outros leitores. Não faça comentários que não tenham relação com este texto ou que contenha conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade. Eu me resguardo no direito de remover comentários que não respeitem isto.
Agradeço sua participação e colaboração.