Daniel Campos

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19/11/2009 - Sol ou escuridão a Cesare Batisti

Imagine viver o resto de seus dias sem o mínimo contato com o sol. Condenado pela justiça italiana à prisão perpétua com privação total de luz solar, Cesare Batisti passa grande parte de seu tempo escrevendo sobre seu passado como fugitivo. Não é preciso ser vidente para saber que seu futuro também não será diferente. Mesmo que seja extraditado ele continuará, de alguma forma, fugindo das sombras que criou e das que foram criadas em torno de sua figura.

O italiano foi condenado pelo seu excesso de paixão. Lutou, amou, acreditou ao extremo que poderia vencer o que considerava um período de trevas. Desafiou práticas fascistas, grupos paramilitares e terroristas pagos pelo governo italiano da década de 70. Contudo, o homem que quis pintar o mundo de vermelho-comunista acabou tendo suas mãos borradas de vermelho-sangue. De ativista político injustiçado foi transformado em assassino cruel.

Santo ou demônio, Cesare Batisti, preso há 10 meses sob o sol sertanejo de Brasília, pede um pouco mais de luz. Não há como continuar escrevendo seus livros (já está no terceiro), estando no escuro. Não há como saber se a Itália já o esqueceu, estando no escuro. Não há como ser velado vivo, estando no escuro. Pode parecer pouco para quem viveu uma vida no lusco-fusco da clandestinidade, mas ao roubarem seu sol não lhe será dada a lua como consolo.


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