Daniel Campos

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29/05/2012 - Sol azul

Arrebentou um novo tempo. Raiou o sol azul. Um sol que canta e se agiganta. Um sol que não vai embora, nem mesmo diante da lua escarlate. Um sol que morde, um sol que beija, um sol que late. Um sol submerso em solidão. Um sol sem medo, que não é tarde nem cedo. Um sol lírico, sinfônico, harmônico. Um sol cego e que cega de desejo. O sol azul não tem direção, ilumina lá e cá sem distinção. O sol azul não é um astro, mas um pássaro. Tem asas, mas gosta de viver empoleirado nos olhos de quem o fita. O sol azul, debaixo das suas penugens de fogo, palpita.

O sol azul desponta num céu branco, rosa e até negro. É um sol que queima por feitiço, como vela azul em rituais. É um sol de amarração. É um sol de firmamento. É um sol de descarrego. O sol azul é um sol geométrico, obstétrico, fonético. Um sol ainda mais intenso quando entre quatro paredes. Um sol ainda mais extenso quando com sede. Com sede de azul. De azul turquesa, de azul marinho, de azul bebê, de azul safira, de azul cobalto, de azul índigo, de azul royal, de azul piscina... O sol azul se alimenta de sonhos azulados, fadados a queimar azuis.


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