24/09/2011 - Sobre a saudade
Há momentos na vida em que todo mundo precisa de uma saudade. Não qualquer saudade. Uma saudade boa, capaz de dar textura ou engrossar o tempo presente. Porque muitas vezes o presente não dá ponto de jeito algum. Uma saudade que não interfira no paladar essencial e atual da vida, mas que realce o sabor vivido. Até um tempo atrás, a saudade era sinônimo de sofrimento, de tristeza, de insegurança. Agora, a saudade é como aquele toque do chef. Chega para acrescentar positivamente falando, para tornar mágico o prato do cotidiano.
A saudade foi descoberta como um poderoso espessante e texturizante. Impossível dispensá-la. Agora, o grande segredo é que uma boa saudade não pode ser comprada, tampouco ganhada ou criada de modo artificial. Saudade é como um fenômeno que surge naturalmente entre o concreto e o abstrato que nos compõem. Nasce como uma flor nuclear e, ao seu ritmo, contamina nossa capacidade de discernir o tempo. A saudade nos permite sobrepor eventos, viver em duas ou mais dimensões concomitantemente.
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