Daniel Campos

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12/11/2011 - Sereia

Deixa-me provar sua carne e descobrir enfim o mistério desse sabor que dá água na boca alheia. Quem sabe eu possa sentir o aquecimento do sangue ao percorrer suas entranhas e estimular a energia acumulada em suas lacunas. Quero me lançar ao seu mar como um barco sem âncora em busca de seus tesouros e de seus piratas. Quem sabe eu consiga encontrar sua cidade perdida, sua esperança de felicidade mais apetitosa esquecida entre corais. Quantas saudades pontilhadas em seu horizonte fugaz. Só me perdoe se o seu calor soprando a bombordo aumentar o meu apetite por navegar e mergulhar em seu mar inteiro.

Deixa-me percorrer sua completa extensão e conhecer o último degrau da sua profundidade. Quero ficar frente a frente com as criaturas que habitam suas águas mais profundas. Quero pisar em suas águas límpidas, observar seus seres encantados e suas fantasias mais imundas. E se preciso for, envenenar-me-ei em suas toxinas. Vou seguir seu perfume estando sujeito a picos de prazer. Quem sabe consiga me confundir ao longo de sua coloração como um peixe camaleão ou, até mesmo, imprimir uma marca em sua textura. Agora, se me considerar intruso o bastante, devora-me transformando-me em pérola.


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