Daniel Campos

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22/01/2016 - Saideira

O tempo fechou e ela não voltou para casa. Saiu de bar em bar, de boca em boca, fazendo papel de louca. Banalizou as conjugações do verbo amar e numa saideira amou mais do que muitos em uma vida inteira. Amou sem dor nem choro, mas quebrando todo o decoro possível. E se julgando infalível não avisou ou prestou conta dos casamentos e separações que foram acontecendo de repente bem debaixo do nariz da lua. E era vulgaridade demais para haver qualquer saudade. E as lembranças ficaram vazias, como gavetas sem memória. Tudo foi feito com a desculpa da bebedeira, mas todo mundo neste mundo sabe para que e para quem acendem um fogueira, bem como dos riscos de se queimar. E ela foi de braço em braço, de grito em grito, de catarse em catarse sem se preocupar com possíveis danos ou reparações. Quando acordou estava vestida apenas por quintas intenções, literalmente perdida entre razões e paixões tão inconsequentes quão inexistentes.


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