Daniel Campos

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29/06/2012 - Reticências de amor

Que me perdoem aqueles que amam com ponto final, com aspas, com ponto e vírgula, mas eu amo com reticências. Difícil para quem está acostumado ser amado com ponto de interrogação ou asterisco aceitar um amor de três pontos. Sim, eu amo com três pontos. Sou devoto praticante do amor reticências. Afinal, quer algo que simbolize melhor o infinito e a eternidade do que aqueles três pontinhos? Sou do amor em movimento, que segue sem parar (sem querer ou poder parar) por estradas reais e imaginárias... É o amor que se alimenta de si próprio para continuar amor igual ou maior do que há segundos atrás...

Que me perdoem aqueles que amam entre vírgulas, entre parênteses, entre colchetes ou com sinais de subtração ou divisão. O meu amor marcado por pontos de suspensão, segue suspenso numa mais completa flutuação. Sou militante do amor dos três pontinhos que é, por natureza, motocontinuo. Três pontos são sonhos prontos para serem sonhados, são suspiros triplicados, são passos lado a lado... O amor reticência é o amor em construção, o amor que não termina nunca, o amor de natureza puramente emocional... É o amor impossível pela física, mas plenamente possível para os que amam sem medida, sem lei, sem pausa...

Com três pontinhos, o amor é etecétera, é algo mais. Muito mais do que os amores apóstrofo, o amor travessão, o amor barra invertida podem proporcionar. O amor reticências é aquele que nos leva para longe de nós mesmos. Quem vive o amor dos três pontinhos abandona o amor hífen, o amor dois pontos, o amor menor... O amor reticências é o amor vivido e aquele que ainda pode ser vivido dentro desse amor... É o amor em aberto, público e secreto, distante e perto, povoado e deserto ao mesmo tempo nessa pontuação de sentimento... É o amor perpetuum móbile, sim, o amor em perpétuo movimento...

Reticências são dialéticas, fonéticas, poéticas como o amor que tenho para dar...


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