Daniel Campos

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03/04/2016 - Rei do coração

O rei passou por aqui, o rei bebeu por aqui, o rei espiou por ali e jogou sua coroa no mar. O rei não quis mais reinar. O rei deixou aposentos reais, riquezas e banquetes. Trocou tudo por um ramalhete vivo que o fez redivivo. Ela tinha olhos de matagal, e não pertencia às casas de Espalha, Catalunha ou Portugal. Ela não era de sangue azul, mas de sangue verde. Um sangue que vertia em seus olhos, em sua alma, em suas esperanças. E o rei perdeu a cabeça por essa criança. Abandonou mantos, cetros, mulheres, filhos, conselhos, exércitos, muralhas pelo coração. Tornou-se o amante de um amor que se vingou. O rei que tanto fez chorar, chorou. O rei que tanto traiu, foi traído pela própria ilusão. O rei que tanto mandou, obedeceu. E mesmo aos farrapos, o rei dizia valeu trocar a linhagem pela apaixonagem.


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