03/05/2008 - Quero uma cama no meio do nada
Quero uma cama no meio do nada. E que esse nada tenha, ao menos, algumas palmeiras para ofuscar o sol. Que o silêncio deste nada cante o som de um riacho correndo ao fundo e, vez ou outra, de alguns grilos por ente a terra molhada. Ah! É essencial que a terra esteja recém-umedecida por uma chuva lenta. E que haja um pouco de mato florido para perfumar isso tudo. E se não for pedir demais, quero um canário e um cavalo. Esses serão meus únicos dois luxos. Enquanto o canário estrala forte, o cavalo galopa manso na imensidão.
Quero uma cama no meio do nada. A cama não precisa ter colchões ortopédicos ou lençóis egípcios, basta uma colcha de retalhos e um travesseiro de paina, e predisposição para voar. Afinal, minha cama tem que ter asas longas para planar em sonhos altos. E por falar em sonhos, ela não precisa ter dimensões exorbitantes, mas o tamanho suficiente para possibilitar que eu durma abraçado com minha bem-amada.
Quero uma cama no meio do nada. E que nesse nada não haja qualquer sinal de televisão, de celular, de internet... Que o único sinal que exista seja o das nuvens bordando o céu poente, de uma noite alaranjada, dos olhos da amada. Ah! Que a boca do vento não fale em política ou qualquer outra coisa que passe no jornal das oito da noite. Da voz humana quero ouvir apenas eu te amo, eu te amo, eu te amo.
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