Daniel Campos

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20/10/2012 - Quando a morte chegar

Quando a morte chegar, não morra, ao menos, não de medo. Quando a morte chegar, não grite, pelo contrário, se entregue ao silêncio dos silêncios. Quando a morte chegar, olhe-a no fundo dos olhos mais fundos. Quando a morte chegar, esqueça cálculos, fórmulas e planos. Quando a morte chegar, não se volte para trás. Quando a morte chegar, não fuja. Quando a morte chegar, não nutra qualquer esperança de virar o jogo. Quando a morte chegar não pense que haverá tempo para perdões ou confissões.

Quando a morte chegar, aplauda, pois você vai estar no centro do palco. Quando a morte chegar, perfume-se. Quando a morte chegar, chame por seus anjos, por seus santos, por seus deuses. Quando a morte chegar, prepara-se para sentir uma solidão nunca quista. Quando a morte chegar, todo arrependimento será em vão. Quando a morte chegar não diga nem sim nem não. Quando a morte chegar, não espere que ela vá responder suas perguntas, tampouco que você terá o direito de perguntar.

Quando a morte chegar, seja você mesmo, em absoluto. Quando a morte chegar, se puder, ame de forma ainda mais intensa e propensa à continuação. Quando a morte chegar, seduza ou se renda à sedução. Quando a morte chegar, suspire e deixe-se levar. Quando a morte chegar não perca seu tempo fazendo balanços ou considerações finais. Quando a morte chegar, levante um brinde a tudo o que foi. Quando a morte chegar tudo terá outro peso, outra medida. Quando a morte chegar, “chegue junto”.


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