02/02/2010 - Por trás da rotina
E se o lobo mau não fosse tão malvado assim? E se a branca de neve fosse negra? E se a bela adormecida sofresse de insônia? E se o gato de botas resolvesse sair de havaianas? E se a chapeuzinho vermelho fizesse topless? E se a rapunzel cortasse seu cabelo chanel. E se o patinho feio fizer uma cirurgia plástica? E se o joão, ao contrário de um pé de feijão, plantasse um pé de tomate?
Se os contos não fossem de fada conseguiriam angariar o mesmo número de leitores? E se o super-homem não voasse? E se a mulher maravilha tivesse celulite? E se o homem aranha fosse inteiramente humano? Será que eles ainda seriam heróis? Será que teriam fãs? E se os atores não fingissem? E se as atrizes não encenassem? Será que conseguiriam a mesma quantidade de aplausos?
E se os cantores cantassem o tédio? E se os compositores não apelassem à imaginação? Será que venderiam milhares de discos? E se os poetas não falassem de amor? E se os médicos não falassem de dor? Seriam extintos. E se os políticos não vivessem de falsas promessas? Será que votariam em si próprios? E se os publicitários não redimensionassem nem enganassem, venderiam o quê?
É a fantasia que move a humanidade, que dá luz à cidade, que nos dá vontade de viver. Eis que para o bem da correria do dia-a-dia a realidade não pode vencer a poesia.
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