Daniel Campos

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04/12/2013 - Poeta-pâtissier

Se eu fosse um poeta-pâtissier muitos, muitos amores de chocolate eu haveria de fazer. Seriam beijos puros de cacau e, nos momentos mais doces, banhados ao leite. Nada de sorrisos meio-amargos, mas recheados de licor e de sabor e de calor. E assim teria vontade de comer (se lambuzando) meus poemas sem qualquer pudor, e com todo apetite. Seria um imenso prazer transformar seus olhos (que me olham como barras de chocolate) em bombons finos, preservando assim sua elegância e composição. Ah, manteria o perfume natural sem necessidade de utilizar quaisquer aromatizantes.

Se eu fosse um poeta-pâtissier, viveríamos chocolatenado por aí numa chocolateria só. Meus poemas seriam criaturas de cacau que andariam pelas ruas com a textura e o brilho que estou acostumado a provar em você, ò mulher amada. Sim, porque minhas poéticas são feitas a partir de ingredientes que colho diariamente em você sem nem perceber. São corações de chocolate no palito dando água na boca. Rimas trufadas. Sentimentos de brigadeiro. E um faz-de-conta saboroso, nutritivo e energizante.

Se eu fosse um poeta-pâtissier, nossas fantasias, quando quebradas (para fins de degustação) fariam um “crash”, um estrondo, diagnosticando a delícia que há em tudo isso. Em noites de lua branca, seu poema combinaria com pistache, passas, frutas mais doces e, é claro, champanhe. Já quando ao leite, suas estrofes viriam misturadas com praline, caramelo, café. E envolto de uma realidade meio amarga, notas de framboesa, frutas cítricas, avelã e nozes resgatariam o sonho de chocolateamar.


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