02/04/2008 - Pobres jacarés
Tem dias em que me revolto a ponto de pensar que o mundo tem mais é que acabar mesmo. A evolução da humanidade, considerada como uma das mais fantásticas do mundo, chega a ser uma tremenda regressão em se tratando daquele gene primitivo do dominar, dominar, dominar. Ser humano acredita que nasceu para dominar tudo e todos, que suas ações não têm limites, que as conseqüências não importam. Por maior o leque de informação disponível no mercado, o homem continua a achar que o mundo gira em torno de seu umbigo e o usa em benefício próprio.
Depois de descobrir que oito toneladas de carne de jacaré foram apreendidas no Amazonas, vi que os discursos de que precisamos nos unir para salvar o planeta não passam de blábláblá. Afinal, o homem nasceu para matar. É preciso muito sangue frio e falta de consciência para abater 740 jacarés. Foi preciso quatro balsas flutuantes para acomodar a carga. Para quem gosta de sapato e bolsa de jacaré, a caçada foi uma festa. Além da carne, essa matança representa cerca de cinco mil centímetros de pele. Definitivamente, não dá para entender a espécie humana.
Embora tenha um tamanho considerável e uma arcada dentária de colocar medo em qualquer um, os olhos dos jacarés refletem um animal indefeso. Mas de nada vale argumentar, tampouco apelar para o sentimento diante do instinto caçador. O abate dos jacarés é proibido no Brasil desde 1967, quando foi estabelecida a lei 5.197, que vetou a caça de todo animal da fauna silvestre não criado em cativeiro. Mas as leis não impedem a vontade de matar. Por essas e outras, o título de maior predador da natureza pertence ao homem.
Não quero nem entrar na questão da violência presente na forma como esses animais foram abatidos. Para mim, basta o resultado da chacina. Dá para imaginar o tempo e as dificuldades que cercam um jacaré até ele ficar em tamanho de abate? É impossível calcular o tempo que a natureza vai levar para refazer as conseqüências desse crime. Se é que ela vai conseguir esse feito. Tem momentos em que fico a pensar: será que vale a pena continuar acreditando na espécie humana?
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