Daniel Campos

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24/12/2013 - Pedido inusitado

Bicicleta? Videogame? Super-herói? Nada disso, o menino da véspera não queria nada disso. Festa? Viagem? Dinheiro? Também não. Sabia que ainda era criança e que podia pedir o que quisesse para o papai-noel, que logo mais chegaria com suas renas e seu ho-ho-ho. Diferentemente dos outros anos, ele não escreveu uma cartinha ao bom velhinho. E não foi por falta de querer um presente, mas ele não sabia como pedir algo tão especial. Ele tinha se comportado, sido um bom menino durante o ano. Havia passado de ano na escola, tentado ao máximo não fazer ninguém triste e praticado algumas boas ações.

Mesmo com tudo isso, não achava jeito de conversar com o papai-noel. Também não pendurou meias pela casa, pois não tinha uma meia do tamanho do que queria ganhar. Era tão simples pedir carrinhos de controle remoto e jogos de última geração, mas agora o menino da véspera se via numa situação complicada. Seus amigos todos esperavam por ganhar aquilo que a televisão tanto anunciava em suas propagandas. Todos na manhã de amanhã estariam pelas ruas exibindo felizes seus presentes e ele, estaria ali em sua janela vendo tudo aquilo, amoado. Não que ele não tivesse esperanças, mas como fazer e ganhar aquele pedido?

Sem que o menino pudesse perceber, algo havia mudado dentro dele do Natal anterior para o deste ano. Seu medo, seu rosto, seus olhos continuavam de menino, mas algo de diferente lhe bolia por dentro. Se tudo fosse fácil de ser encaixado como aquele quebra-cabeça que ganhou anos atrás. Se fosse só colocar uma capa e empunhar uma espada para enfrentar e vencer tudo aquilo que sentia. Não tinha com quem conversar, pois quem ainda acreditava em papai-noel queria ganhar algo em nada parecido com o que ele desejava. Entre suspiros e olhares longínquos, o menino da véspera pensava em como pedir o amor de certa menina...


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