19/11/2008 - Pechincha
Para quen é que eu peço um desconto nesta minha caminhada? Será para o Criador? Um abatimento na ordem de 20 por cento das pedras que rolam em meu caminho já me livraria de muita coisa desagradável. E este pedido deve ser legal, já que nesta feira livre chamada vida vale de um tudo. Muito é adquirido, muito é perdido, muito é passado para frente, muito é trocado... Na maioria das vezes, lucra quem grita mais alto, quem tem maior poder de ilusão, quem coloca tudo em liquidação ou, simplesmente, quem apele para a instituição da pechincha.
Estamos sempre querendo mais e mais e mais pelo menor preço ou esforço. No fundo, queremos levar a melhor na relação custo-benefício. Só que na vida nem sempre uma coisa é proporcional à outra. Em muitos episódios ganha mais quem sofre mais, chega-se ao lugar mais bonito quem andou pelas piores trilhas, sorri com mais gosto quem chorou por mais tempo. Eu sei que não há lógica nisso, mas são os caminhos do mundo. E Deus não atende em nenhuma banca para negociar diretamente com atacado e varejo. Ele criou toda essa feira e foi logo ficando invisível para não ter de se deparar com a pechincha.
Mesmo assim, uma legião busca Deus de inúmeras formas para pechinchar menos pranto, dor, infortúnios, dívidas, desesperos e mais prazer e felicidade. Só que como eu já disse, a matemática divina é diferente. Sempre que houver menos alguma coisa haverá mais outra coisa ou vice e versa. Mais folga geralmente traz menos dinheiro. Menos fé causa mais tormento. Mais descida leva a um caminho de menos sucesso. Pensando nisso, será que vale a pena continuar pechinchando?
Comentários
Nenhum comentário.
Escreva um comentário
Participe de um diálogo comigo e com outros leitores. Não faça comentários que não tenham relação com este texto ou que contenha conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade. Eu me resguardo no direito de remover comentários que não respeitem isto.
Agradeço sua participação e colaboração.