15/01/2016 - Peça da memória
Fruta do pé tem gosto de infância. Meus pés correndo pelas terras orvalhadas de uma chuva que invernava bem uns quinze dias. E as frutas, colhidas na hora, tem gosto, cor e cheiro maduros. Comer de se lambuzar. E a fartura, na cabeça criança, é de que aquele pé tem mais frutas do que se pode comer. Tira uma, nasce outra. Mágico. Lá se vão os anos e sempre que possível a memória me prega uma peça e me traz um perfume, uma textura, um sabor, um tom daquela época. Volto no tempo. Divirto-me novamente numa intensidade infantil. E depois sobra na minha boca um gosto indecifrável de saudade.
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