Daniel Campos

Imprimir Enviar para amigo
26/12/2014 - Ou o fim ou o fim

O verde amarelou. O caminho a sujeira fechou. O mato se alastrou. O telhado do rancho desabou. O poço secou. A aranha o fim teou. A saudade suas garras fincou. Por aquelas quartas nunca mais se semeou. O destino de todos que dependiam daquelas mãos férteis virou. O trator nunca mais roncou. O pé de valsa por ali não mais dançou. O deserto da solidão pra ficar chegou. A terra sangrou. A paineira da estrada chorou. O lago avermelhou. O que era bonito se estragou. O vento nunca mais suas modas assoviou. Os ninhos ficaram vazios da galinhada que nunca mais chocou. O lixo se espalhou. O abacateiro tombou. A magia nunca mais madurou. O pé de esperança não vingou. O trem diante daquele cenário engasgou. O galo silenciou. Até assombração por ali não ficou. A cachorrada debandou. A nova safra não vingou. O senhor daquele mundo nunca mais voltou. O descaso tudo abandonou. O encanto do dia pra noite se quebrou. O coração de terra parou e tudo se espatifou. O bom e velho sítio se acabou.


Comentários

Nenhum comentário.


Escreva um comentário

Participe de um diálogo comigo e com outros leitores. Não faça comentários que não tenham relação com este texto ou que contenha conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade. Eu me resguardo no direito de remover comentários que não respeitem isto.
Agradeço sua participação e colaboração.

voltar